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sábado, 30 de junho de 2012

Revista Reformada - Sermões Expositivos na Carta de Tiago 9 de 9



A eficácia da oração

Referência: Tiago 5.13-20

13Entre vocês há alguém que está sofrendo? Que ele ore. Há alguém que se sente feliz? Que ele cante louvores. 14Entre vocês há alguém que está doente? Que ele mande chamar os presbíteros da igreja, para que estes orem sobre ele e o unjam com óleo, em nome do Senhor. 15E a oração feita com fé curará o doente; o Senhor o levantará. E se houver cometido pecados, ele será perdoado. 16Portanto, confessem os seus pecados uns aos outros e orem uns pelos outros para serem curados. A oração de um justo é poderosa e eficaz. 17Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. 18Orou outra vez, e o céu enviou chuva, e a terra produziu os seus frutos. 19Meus irmãos, se algum de vocês se desviar da verdade e alguém o trouxer de volta, 20lembrem-se disso: Quem converte um pecador do erro do seu caminho, salvará a vida dessa pessoa e fará que muitíssimos pecados sejam perdoados”.


INTRODUÇÃO
1. Sete vezes neste parágrafo Tiago menciona oração. Um cristão maduro é aquele que tem uma vida plena de oração diante das lutas da vida. Em vez de ficar amargurado, desanimado, reclamando, ele coloca a sua causa diante de Deus e Deus responde ao seu clamor.
2. Tiago é uma carta prática e por isso ele começa e termina esta carta com oração. Desperdiçamos tempo e energia quando tentamos viver a vida sem oração.
3. Neste parágrafo Tiago encoraja-nos a orar, descrevendo quatro situações em que Deus responde as nossas orações.

I. DEVEMOS ORAR PELOS QUE PASSAM POR PROBLEMAS – V. 13

1. Nos problemas não murmure, ore!
O sofrimento aqui é provado por circunstâncias adversas: saúde, finanças, família, relacionamentos, decepções. Em vez de murmurar contra Deus ou falar mal dos irmãos (5:9), devemos apresentar essa causa a Deus em oração, pedindo sabedoria para usar essa situação para a glória de Deus (1:5).

2. Deus pode transformar problemas em triunfo pela oração
A oração remove o sofrimento quando essa é a vontade de Deus. Mas também a oração nos dá poder para enfrentar os problemas e usá-los para cumprir os propósitos de Deus.
Paulo orou para Deus mudar as circunstâncias da sua vida, mas Deus lhe deu poder para suportar as circunstâncias (“Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas, nos insultos, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias. Pois, quando sou fraco é que sou forte” 2 Co 12:7-10).
Jesus clamou ao Pai no Getsêmani para passar dele o cálice, mas o Pai lhe deu forças para suportar a cruz e morrer pelos nossos pecados.

3. Nem todas as pessoas passam por problemas ao mesmo tempo
Ao mesmo tempo há pessoas sofrendo e há pessoas alegres (5:13). Deus equilibra a nossa vida dando-nos horas de sofrimento e horas de regozijo. O cristão maduro, entretanto, canta mesmo no sofrimento (“Mas não há quem pergunte: ‘Onde está Deus, o meu Criador, que de noite faz surgirem cânticos”, Jó 35:10).
Paulo e Silas cantaram na prisão (“Por volta da meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus; os outros presos os ouviam”At 16:25). Josafá cantou no fragor da batalha (“Depois de consultar o povo, Josafá nomeou alguns homens para cantarem ao Senhor e o louvarem pelo esplendor de sua santidade, indo à frente do exército, cantando: ‘Dêem graças ao Senhor, pois o seu amor dura para sempre’”2 Cr 20:21).

II. DEVEMOS ORAR PELOS DOENTES – V. 14-16
1. O que o enfermo faz?
a) A pessoa está doente por causa do pecado (5:15b-16) – Nem toda doença é resultado de pecado pessoal, mas o caso mencionado por Tiago é de uma doença hamartiagênica1.
b) O doente reconhece a autoridade espiritual dos presbíteros da igreja (5:14) – O crente impossibilitado de ir à igreja, chama os presbíteros da igreja à sua casa. O doente reconhece, assim, que os presbíteros e não um homem ou mulher que tem o dom de curar é que devem orar por ele.
c) O doente confessa seus pecados (5:16) – A confissão é feita aos santos e não a um sacerdote. Devemos confessar o nosso pecado a Deus (1 Jo 1:9) e também àqueles que foram afetados por ele. Jamais devemos confessar um pecado além do círculo que afetado por aquele pecado. Pecado privado deve ter confissão privada. Pecado público requer confissão pública. É uma postura errada lavar roupa suja em público.

2. O que os presbíteros fazem?
a) Eles oram pelo enfermo com imposição de mãos a oração da fé (5:14-15) – Os presbíteros são bispos e pastores do rebanho. Eles velam pelas almas daqueles que lhes foram confiados. Eles oram com imposição de mãos, num gesto de autoridade espiritual. A oração da fé é a oração feita na plena convicção da vontade de Deus (“E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos” 1 Jo 5:14-15).
b) Eles ungem o enfermo com óleo em nome do Senhor (5:14) – Não é a unção que cura o enfermo, mas a oração da fé. Quem levanta o enfermo não é o óleo, é o Senhor. O óleo é apenas um símbolo da ação de Deus.

UNÇÃO COM ÓLEO

1. Desvios quanto ao ensino bíblico da unção com óleo
a) Extrema Unção – A igreja Romana desde o século XII e XIII criou o dogma da extrema unção com base em Tiago 5:14. Esse dogma foi mudado e reafirmado pelo Concílio Vaticano II, quando se tira a expressão “extrema unção” e muda para “unção de enfermos”. A extrema unção é para a alma e não para o corpo. É preparação para a morte e não cura para a vida. Enquanto o propósito de Tiago é claro: unção para cura e não preparação para a morte.
b) Posição Neopentecostal – A crença que toda doença procede do diabo e consequentemente é da vontade de Deus curar a todos em todas as circunstâncias.
c) A Prática da Unção Generalizada – Pastores que ungem todas as pessoas que estão dentro da igreja, bem como objetos.
d) A Prática da Unção Realizada por todas as Pessoas – São os presbíteros que ungem e não outros membros da igreja.

2. A Prática da Unção com Óleo na Bíblia
a) O óleo como cosmético – Mt 6:17 (Ao jejuar, ponha óleo sobre a cabeça e lave o rosto).
b) O óleo como remédio – Lc 10:25-37; Is 1:6 (Da sola do pé ao alto da cabeça não há nada são; somente machucados, vergões e ferimentos abertos, que não foram limpos nem enfaixados nem tratados com azeite).
c) O óleo como símbolo espiritual – Tg 5:14; Mc 6:13 (Expulsavam muitos demônios, ungiam muitos doentes com óleo e os curavam).

3. A unção com óleo em Tiago é remédio ou um símbolo espiritual da cura divina?
a) A posição de que o óleo é remédio – Jay Adams é o maior defensor desta tese. Seu principal argumento é a palavra usada por Tiago aleipho = friccionar + lipo (gordura) em vez de Chrio. Thomas Goodwin defendia tese parecida e usava os seguintes argumentos:
1) Os presbíteros são os administradores da unção e não tinham necessariamente o dom de cura;
2) A generalidade da unção – A todos os crentes, enquanto os milagres nunca foram generalizados;
3) Os receptores da unção – eram membros da igreja, enquanto os milagres se estendiam a todas as pessoas; 
4) Os limites do dom – O dom de cura não estava limitado ao uso do óleo;
5) Os resultados da unção – se toda unção significasse cura eficaz, então, os cristãos teriam encontrado uma forma de escapar da morte.

b) A posição de que o óleo é um símbolo espiritual – Calvino entendia que a unção com o óleo não era remédio, mas tinha o mesmo significado do dom extraordinário de cura em Mc 6:13. Mas cria que esse dom era restrito ao tempo dos apóstolos.
Tanto aleipho quanto Chrio significam ungir. Então, por que Tiago usou aleipho e não Chrio? Porque Chrio jamais é usado para o ato físico de unção. Chrio é sempre usado no sentido metafórico (Lc 4:18; At 10:38).
Josefo usava aleipho e chrio como palavras sinônimas.
LXX2 traduz aleipho e chrio como sinônimos e respectivos.
O óleo em Tiago 5:14 não é medicinal porque não é o óleo que cura, nem o óleo mais a oração que curam, mas a oração da fé.
São os presbíteros, autoridades espirituais e não sanitárias que devem aplicar o óleo em nome do Senhor. Se a unção fosse medicinal, poderia ser feita por qualquer outra pessoa sem a necessidade de convocar os presbíteros.
As palavras “em nome do Senhor” colocam os limites da cura. O poder está no nome de Jesus. A cura vem pelo poder do nome de Jesus e não pelo efeito terapêutico do óleo. Isso faz da unção com óleo um exercício espiritual e não uma prática medicinal.
O óleo era usado apenas para algumas doenças, enquanto para outras era totalmente ineficaz.
O caso mencionado por Tiago era de uma doença hamartiagênica e nesse caso o óleo não teria qualquer valor terapêutico.
Mc 6:13 usa também aleipho e é impossível interpretar esse texto como remédio. Os apóstolos estavam curando os enfermos pelo imediato poder de Deus e não através do remédio.
Richard Trench diz que aleipho é usado para todo tipo de unção (física e espiritual) enquanto Chrio é usado apenas para unção espiritual. Daí Tiago usar aleipho.
Aleipho não era apenas medicinal. Era usado também como cosmético (Mc 6:17) e até em mumificação (Mc 16:1).
Calvino e Lutero discordavam da interpretação medicinal do óleo em Tiago 5:14. Moody pediu para ser ungido quando estava doente. Martyn Lloyd-Jones defende a tese do símbolo espiritual.

 3. O que Deus faz?
a) Deus cura o enfermo através da oração da fé.
b) Deus levanta o enfermo.
c) Deus perdoa o enfermo.

III. DEVEMOS ORAR PELA NAÇÃO – V. 17-18

1. Quando a nação se desvia de Deus os profetas de Deus devem orar e pregar.
Israel se afastou de Deus, e Elias apareceu no cenário para confrontar o Rei, o povo, e os profetas de Baal. Elias não só falou aos homens, ele falou com Deus, clamando chuva para Isarel.

2. Os crentes, embora não perfeitos, podem ter vitória na oração.
Elias era homem sujeito às mesmas fraquezas (teve medo, fugiu, sentiu depressão, pediu para morrer), mas era justo e a oração pode muito em sua eficácia. O poder da oração é o maior poder no mundo hoje. A história mostra o progresso da humanidade: poder do braço, poder do cavalo, poder da dinamite, poder da bomba atômica. Mas o maior poder é o poder da oração.

3. Elias orou fundamentado na promessa de Deus.
Em 1 Rs 18:1 Deus disse que enviaria a chuva e em 1 Rs 18:41-46, Elias ora pela chuva. Não podemos separar a Palavra de Deus da oração. Em sua Palavra Deus nos dá as promessas pelas quais devemos orar.

4. Elias orou com persistência
Muitas vezes nós fracassamos na oração porque desistimos muito cedo, no limiar da bênção.

5. Elias orou com intensidade
A palavra com “instância” (5:17) significa que Elias orou em oração. Ele pôs o seu coração na oração. Devemos orar pela nação hoje, para que Deus traga convicção de pecado e um reavivamento para a igreja.

IV. DEVEMOS ORAR PELOS DESVIADOS – V. 19-20

1. Devemos orar pelos membros que se desviam da verdade, da Palavra de Deus.
Quando um crente se desvia devemos falar de Deus para ele (Gl 6:1) e dele para Deus (Tg 5:19). Salomão diz que “um só pecador destrói muitas coisas boas” (Ec 9:18).
Há sempre o perigo de uma pessoa se desviar de verdade – “Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades ouvidas, para que delas jamais nos desviemos” (Hb 2:1).
O resultado desse desvio é pecado e possivelmente a morte (5:20). O pecado na vida de um crente é pior do que na vida de um não crente.
2. Devemos ajudar os membros que se desviam da verdade
Essa pessoa precisa ser “convertida”, ou seja, voltar para o caminho da verdade (Lc 22:32).
Precisamos nos esforçar para salvar os perdidos. Mas também precisamos nos esforçar para restaurar os salvos que se desviam. Judas 23 usa a expressão “salvar do fogo”.

CONCLUSÃO
Tiago neste parágrafo deu sua última instrução: oração pelos que sofrem, pelos enfermos e cuidado e restauração aos que se desviam.
Neste parágrafo Tiago falou sobre 4 coisas básicas:
a) O indivíduo em oração – O princípio básico – v. 13.
b) Os presbíteros em oração – Uma oração respondida – v. 14-15.
c) Os amigos em oração – Um espírito de reconciliação – v. 16a: procura por espírito de penitência, espírito de reconciliação e espírito de oração.
d) O profeta em oração – um agente humano, um resultado sobrenatural – v. 17-18.
e) A busca da comunhão – pastoral cuidado e restauração – v. 19-20.


1 Ou seja, por consequência do pecado.
2 Septuaginta. Tradução do Antigo Testamento para o grego. 


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Esta série de sermões foi extraída do site Palavra da Verdade. Todos os sermões foram pregados pelo Reverendo Hernandes Dias Lopes.
Para ler, ouvir e assistir mais sermões acesse:


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“Esta é a permuta que, em sua bondade infinita, ele quis fazer conosco: recebeu nossa pobreza, e nos transferiu suas riquezas; levou sobre si a nossa fraqueza, e nos fortaleceu com o seu poder; assumiu a nossa mortalidade, e fez nossa a sua imortalidade; desceu à terra, e abriu o caminho para o céu; fez-se Filho do homem, e nos fez filhos de Deus.” João Calvino

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